quarta-feira, 2 de junho de 2010

A voz do povo e a voz de Deus









A voz do povo jamais será a voz de Deus. Todavia, isso não exclui a soberania divina, de forma alguma. É notório que nenhuma folha cai sem que Deus saiba, contudo não é por isso que é Deus quem lança as folhas ao chão. A bíblia diz que o príncipe deste mundo é satanás e que nada tem com Deus. O fato de Deus ser soberano não significa que Ele se sinta feliz por tudo que ocorre neste mundo. Com toda a certeza, quando o nome Dele é tomado em vão, quando a palavra Dele é desonrada, ou quando um cristão nega sua fé, Ele não se agrada.
Mas peraí, Ele não é Deus? Não seria mais fácil Ele fazer tudo conforme a vontade Dele. Aí é que está, por mais que haja soberania, o nosso Criador nos deu uma capacidade de raciocínio que nos permite fazer nossas escolhas. Seria o que muitos chamam de 'livre-arbítrio'. Entrementes, a salvação que é pela graça, não se limita a nossa mera vontade ou decisão, o fato de termos 'aceitado a Cristo' só nos foi possível porque Ele nos foi apresentado. O próprio arrependimento é fruto do agir do Espírito de Deus, porque é Ele quem nos convence do pecado, da justiça e do juízo(João 16:8). Se não fosse dessa forma, nunca haveria arrependimento.
Visto que a salvação é pela graça, as obras não tem mérito algum em relação a ela(Efésios 2:8,9). Acho que algumas palavras fugiram do vocabulário de alguns cristãos, como 'graça' e 'misericódia', por exemplo. A forma com a qual os crentes olham para os pecadores, a pompa, a altivez, me enoja(Gálatas 6:3). É como se estivessem jogando a graça divina na lata do lixo, ou até mesmo deixado o sangue de Cristo escorrer pelo ralo.
Acho que quando Davi disse que não havia um justo sequer(Salmos 53:3), ele nos incluia nesse pessoal. Não somos justos e nem ao menos sabemos o que é justiça. É por isso mesmo que a cruz tem grande valor para todos nós, foi lá que conquistamos a salvação, não merecida, dado que é pela graça. Considerando nossa condição de pecador, não há porque crucificar os criminosos, apedrejar as prostitutas, matar os filhos desobedientes, enfim, todos estamos no banco dos réus. Debaixo da mesma graça, aquela que independe de nossas obras.
Estou cansada do sensacionalismo da mídia, dos julgamentos impulsionados, das pessoas que atribuem vontade humana a vontade divina, estou cansada. Eu consigo imaginar cenas de filmes, pessoas ansiosas pra ver um suposto criminoso sendo enforcado, uma suposta bruxa sendo queimada ou um suposto pecador sendo crucificado. Enquanto isso, o perdido que era pra ser acolhido pela igreja, torna-se condenado por ela. Além de vítimas de si, vítimas do mundo, vítimas de satanás, ainda são vítimas da igreja. Um grito de vingança ecoa nos corações humanos, um grito de vingança, não de justiça. A justiça nenhum homem pode alcançar a não ser que se alcance por meio daquele que foi realmente justo: Cristo. Infelizmente por justiça eu não vejo clamor algum, só vejo silêncio. A Igreja migrou para o outro lado. Deixou a graça pela altivez, algo do tipo 'rico estou e enriquecido sou, e de nada tenho falta'(Apocalipse 3:17). Não sabe ela que aquele que não está debaixo da graça, se torna escravo da lei, e pela lei ninguém pode ser salvo(Gálatas 3:11).
Desde pequenos somos acostumados a ter a imagem de Deus como um velho barbudo segurando um cajado. Crescemos ouvindo que Deus iria nos castigar. Atemorizados esperando que Ele lançasse um raio sobre nós. Esquecendo-nos que Deus é amor(1 João 4:8).
Nessa hora, eu olho pra dentro de mim, Deus me conhece mais que eu mesma e sabe, aonde eu estaria se não fosse a graça divina. Aconselho-te que faça o mesmo, compre ouro refinado no fogo, ainda há tempo.
"Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo(pela graça sois salvos)," Efésios 2: 4,5

C.

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